O
refluxo gastroesofágico é uma das afecções mais comuns da pediatria e
caracteriza-se pelo do retorno do conteúdo gástrico para o esôfago ou
para outros órgãos adjacentes devido à incompetência do esfíncter
esofágico inferior (EEI). Trata-se de uma disfunção de grande
significância devido às diversas manifestações clínicas presentes e
principalmente pelas complicações secundárias e morbidade que pode
ocasionar.
A
sua ocorrência é maior em lactentes, especialmente prematuros,
decrescendo com o avançar da idade e comumente desaparecendo aos 24
meses de vida. Em recém-nascidos de muito baixo peso observa-se uma
incidência de 2,8 a 10% dos casos.
As
manifestações clínicas geralmente se apresentam na criança sob a forma
de choro fácil, irritabilidade, alterações no padrão do sono, diminuição
do apetite, perda ponderal, tosse crônica e regurgitação pós-prandial.
Nos casos em que ocorre a persistência das manifestações mencionadas
associados ou não a outros sintomas além da faixa etária expectante para
o seu desaparecimento fisiológico esta condição passa a ser considerada
um distúrbio patológico, denominando-se Doença do Refluxo
Gastroesofágico (DRG).
Neste
sentido, é muito importante que os pais e cuidadores observem a
presença destes sintomas de forma que possam estar atentos para a
frequência de possíveis episódios de refluxo com o intuito de buscarem a
ajuda do profissional da medicina responsável pelos cuidados
pediátricos para a realização do diagnóstico o mais breve possível.
O
diagnóstico geralmente é clínico, ou seja, baseia na sintomatologia
apresentada pela criança. Contudo, a utilização de exames complementares
como a PHmetria, a Cintilografia, a Ultrasonografia e o Exame
radiológico podem ser associados para a sua consolidação.
O
tratamento do refluxo fisiológico geralmente é expectante e baseia-se
principalmente em medidas preventivas de possíveis episódios. As
orientações aos pais e cuidadores de crianças com refluxo
gastroesofágico torna-se o ponto principal neste processo. Neste
sentido, a fisioterapia como parte integrante da equipe multidisciplinar
de saúde tem como função não apenas intervir nas complicações
respiratórias por meio de conduta específica como também preveni-las sob
a forma de medidas de educação em saúde.
Dentre as orientações que devem ser direcionadas aos responsáveis pela criança incluem:
- Utilização de decúbito elevado à 30º a 45º;
- Evitar a utilização de roupas que causem constrição na criança, assim como manobras oscilatórias bruscas após as refeições;
- Não
posicionar a criança em decúbito dorsal logo após o término da mamada;
pois esta postura favorece o retorno do conteúdo gástrico para o
esôfago;
- Utilizar o arnês para garantir um posicionamento adequado da criança enquanto dorme;
- Procurar fracionar as refeições, evitando o enchimento excessivo do estômago;
- Estimular a amamentação ao seio, pois este alimento é de fácil digestibilidade para a criança;
- Evitar
alimentos considerados estimuladores do refluxo como os alimentos
temperados, ácidos, irritantes esofágicos e as bebidas gaseificadas;
- Realizar
uma maior quantidade de pequenos orifícios no bico de borracha da
mamadeira como forma de controlar o fluxo do alimento e com isso
prevenir os engasgos e as regurgitações, etc.
Essas
são algumas das informações que podem ser ofertadas aos pais e
cuidadores como uma forma de evitar a frequência dos episódios de
refluxo até que haja comumente a maturação fisiológica do EEI e
consequentemente a resolução desta disfunção tão comum na atualidade.
A
realização de tratamento farmacológico é direcionado em casos graves de
refluxo cujo objetivo consiste em melhorar a motilidade do trato
gastrintestinal, com efeitos de aumentar o tônus do EEI e acelerar o
esvaziamento gástrico. Já o tratamento cirúrgico pode ser considerado em
casos de persistência dos sintomas com riscos para as complicações
secundárias, principalmente as respiratórias, como também devido à falha
da terapia medicamentosa.
Fonte: http://www.jornalpequeno.com.br
http://unipe.br/blog/fisioterapia/?p=606
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